Achados e perdidos |
Medidas simples, comportamento ético, mais amor e respeito entre os seres humanos poderiam evitar perdas desnecessárias e poupar grandes desgastes físicos e emocionais para os animais de estimação e seus donos. Se ainda não aconteceu com você, que gosta muito de seu animalzinho, pense como seria: um descuido de alguém da própria casa, uma falha de comunicação, uma lâmpada queimada, uma tela perfurada, a campainha que toca numa hora mais complicada e, pronto, o animal curioso e aventureiro, xodó da família, vai para a rua e ninguém percebe. Quando sua falta é sentida, todos começam a procurar nos cantos do jardim, do quintal e dos cômodos. Esgotadas as possibilidades, a idéia assustadora da perda toma conta das pessoas, porque a conclusão é a da fuga inconsciente do ser querido que simplesmente saiu para explorar o mundo e não sabe mais voltar. Muitas coisas desagradáveis correm pela cabeça de quem já passou por isso. O bichinho pode ter sido atropelado, levado para sempre por alguém que não cuide bem dele ou o maltrate, capturado e morto como se fosse um animal abandonado, etc. Quem gosta de um animal que foi perdido sabe que isso dói muito na gente e que a idéia de não mais recuperá-lo e de jamais conhecer seu paradeiro é extremamente desagradável, mais ainda para uma criança. No caso de ser um animal que alguns somente enxergam como mercadoria a ser trocada por dinheiro, a sensação de perda definitiva passa a ser muito mais forte. Pensando nessa e em outras possibilidades, decidi deixar algumas sugestões aqui. A primeira, óbvia, porque deveria ser a norma de vida de todos os seres que se consideram humanos, é que, diante de qualquer situação, nos coloquemos no lugar das pessoas que estão, por alguma razão, desesperadas ou vulneráveis. Troquemos mentalmente de lugar com elas. Tentemos sentir o que elas sentem. Então, em função disso, façamos por elas o que gostaríamos que elas fizessem por nós se estivéssemos na mesma situação. Parece simples, mas se todos procedessem assim, o mundo não estaria horrível como está. Uma segunda sugestão é comprar uma coleira para seu animal, com uma etiqueta de identificação de boa qualidade. Um simples número de telefone preso à coleira de um cãozinho já poderia poupar muita dor de cabeça, reduzindo o tempo entre sua fuga e seu retorno ao lar. Portanto, não deixe para amanhã: providencie a identificação imediata de seu animal, contando com a sorte de que ele seja encontrado por uma boa pessoa. Finalmente, uma terceira sugestão é a criação de um serviço centralizado de achados e perdidos, de preferência público, municipal, gratuito, que poderia perfeitamente incluir pessoas e animais. Na era da comunicação, com tantos impostos que pagamos, por que não se pensar em alguma coisa assim? Enquanto a sociedade perfeita não chega, vamos nos comunicar diretamente, trocando informações entre nós mesmos, como temos feito nos últimos anos, encontrando e devolvendo a seus legítimos donos muitos animais que saíram de casa e se perderam. Se você puder, adote um animal abandonado e ajude a Associação de Proteção Animal de Uberlândia. Lugar de animal doméstico é em casa. Não deixe seu animal de estimação na rua, mesmo que ele saiba voltar. Jamais o abandone e nos ajude a encontrar bons donos para os rejeitados que recolhemos das ruas e salvamos da morte. Roberto F. Silvestre Membro da APA |