No Jornal Hoje da terça-feira, 24 de abril de 2001, a matéria sobre poluição luminosa e desperdício de energia elétrica na iluminação pública pode ter dado a entender que a cidade de Uberlândia já havia trocado um terço de suas luminárias por um novo modelo que somente joga luz para baixo. Entretanto, não é isto que acontece aqui nem em outras cidades brasileiras.
Tem sido feita a troca simples de lâmpadas em luminárias antigas, muito dispersivas. Em outros casos, um modelo de luminária com globo de vidro, também muito dispersivo, vem sendo colocado em áreas novas, que ainda não possuem iluminação. Ocorrem também substituições de lâmpadas de mercúrio por lâmpadas de sódio de maior potência, aumentando o gasto de energia nesses casos. Assim, a poluição luminosa vem crescendo rapidamente, fato que parecia ser a motivação para a matéria apresentada pela TV Globo.
O modelo de luminária mostrado na reportagem, muito bom, pode vir a ser utilizado daqui para a frente, mas provavelmente não em todas as áreas e, dificilmente, em substituição àqueles de péssima qualidade que foram instalados recentemente. Por isso, os problemas causados pela dispersão de luz devem continuar aumentando.
É preciso que as pessoas compreendam que a luz que vai para cima não ilumina o chão nem aumenta a segurança de ninguém. Essa luz é um flagrante desperdício de dinheiro público e uma agressão desnecessária ao meio ambiente. Como, então, podem querer penalizar o povo pelo mau uso da energia elétrica se temos um verdadeiro descalabro na iluminação de nossas cidades?
Numa época em que se fala em racionamento, economia e uso inteligente da energia, é inaceitável que a ostensiva incompetência da iluminação artificial urbana continue a mesma de sempre, gerando essa forma pouco conhecida de poluição que afeta a todos.
Há muito que os astrônomos vêm denunciando a perda da visibilidade do céu noturno, que é o seu material de trabalho. Nesta campanha para esclarecimento da população, estamos solicitando o respeito que merecemos como cidadãos que se sentem no direito de exercer a sua profissão e de desfrutar o seu lazer, pesquisando ou apenas observando o Universo para admirar a sua beleza.
Queremos de volta o céu estrelado que nos foi roubado.