Em relação ao grupo ministerial constituído para avaliar medidas a serem adotadas pelo Governo nas áreas de Ciência e Tecnologia, gostaria de solicitar que a Astronomia não ficasse esquecida.
Sete anos de campanha por uma iluminação moderna em Uberlândia foram nulos e resultaram na inutilização do Observatório Astronômico. E assim está a caminho de acontecer com muitos outros, sem que nenhum astrônomo consiga a atenção merecida para os danos causados pela poluição luminosa, que é tão pouco conhecida.
Um país com problemas energéticos, que chegam às ameaças de racionamento, não deveria iluminar suas cidades com lâmpadas de sódio extremamente fortes, instaladas em luminárias dispersivas, lançando enorme quantidade de luz em direção ao céu noturno, sem nenhuma necessidade.
Uma boa iluminação pública é aquela que tem níveis de intensidade corretos e é dirigida apenas para as áreas que vão ser beneficiadas pela luz tão necessária. Jogar luz para cima é uma atitude irracional que não se enquadra nos novos tempos em que vivemos, às portas do terceiro milênio. Outros países já adotaram soluções que resultaram em uma substancial economia de energia elétrica. Por que ainda repetimos os mesmos erros do passado, causando danos ao meio ambiente e ignorando as interferências nocivas à Natureza?
Somos contra o desperdício que arruina a beleza do céu noturno a ponto de nossas crianças nunca terem visto a Via Láctea e pensarem que planetas são coisas que estão apenas nos livros, cujos nomes devem ser memorizados porque podem "cair" nas provas.
Lembre-se V. Excia. de que entre as riquezas merecidamente representadas em nossa Bandeira Nacional está o azul escuro, cujo patrimônio natural, de que é símbolo, o falso progresso pretende transformar em um inútil borrão amarelo, no qual não mais veremos as estrelas. Será o fim da Astronomia profissional e amadora no Brasil, que a tantos jovens vem mostrando o bom caminho da Ciência.
Por favor, não permita que isto aconteça em nosso país.
Saudações.