Onde estão as nossas estrelas?


           É certo que os cientistas trabalham para termos um mundo mais confortável. Há aqueles que produzem os carros seguros e velozes, os que pesquisam para obter uma semente que dará mais resistência à planta, etc. Esses pesquisadores têm o que necessitam para trabalhar, mas há aqueles que não têm o que precisam, como os astrônomos. Estes precisam do céu para obter dados para suas pesquisas, mas só têm um céu poluído pela luz das luminárias fabricadas incorretamente, que jogam luz para cima, atrapalhando sua visão e também a visão das pessoas comuns, que olham para o céu em busca de algo bonito ou mesmo romântico.
           Essa luz que vai para cima é conhecida por poluição luminosa. Ela vem causando cada vez mais danos à ciência mais antiga de todas: a Astronomia. É muito fácil evitar o brilho que ofusca nossa visão do céu. Difícil é entender porque ninguém se importa em preservar essa beleza natural, que pertence a todas as pessoas.
           Uma luminária correta, que não joga luz para cima, deve ser fabricada de maneira que sua abertura fique horizontal, sem uma bolha de vidro sobrando para fora, e, de preferência, usando lâmpadas do tipo LPS, que devem ficar ocultas dentro da proteção metálica. Dessa maneira, toda a luz seria aproveitada para iluminar o chão e não seria mais desperdiçada.
           Pode parecer que gastaríamos muito dinheiro para construir luminárias corretas e também para substituir aquelas que hoje iluminam o nosso céu. Na verdade, a economia conseguida com as novas luminárias seria suficiente para pagar os gastos de material. Em pouco tempo, o dinheiro economizado poderia ser usado, pelas prefeituras das cidades, para ajudar a melhorar as escolas, de onde vão sair os futuros cientistas de que o Brasil necessita.
           É preciso que as pessoas entendam que elas têm o poder de mudar todas as coisas erradas que existem no mundo. Mesmo as crianças poderiam tornar a vida melhor para todos se elas acreditassem nisso. Temos que formar uma grande família e trabalhar para conseguir a atenção das autoridades. Somente assim conseguiremos preservar a beleza do céu noturno, para os cientistas que estudam o espaço e para todas as pessoas comuns, que têm o direito de olhar para cima e ver milhares de estrelas brilhando em um fundo escuro, sem iluminação artificial.


Camila Gadotti, aluna da 5ª série da Escola Estadual Joaquim Saraiva, de Uberlândia, escreveu este texto em setembro de 1994, quando tinha 12 anos de idade.



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