Manifesto do astrônomo eleitor


O povo leigo pode não perceber, mas eu sei o que significa substituir lâmpadas de mercúrio de 80 W por lâmpadas de sódio de 250 W nas ruas de minha cidade. Por isso, não darei o meu voto a quem desperdiça energia elétrica para "aparecer" às custas dos outros, que pagam a conta.

O povo leigo pode não perceber, mas eu sei que a violência urbana não está relacionada ao nível de iluminação das ruas. Por isso, não darei o meu voto a quem utiliza a iluminação agressiva e perigosa com objetivos eleitoreiros, alegando resolver problemas sociais que nada têm a ver com ela.

O povo leigo pode não perceber, mas eu sei que as plantas, os animais e até mesmo os seres humanos sofrem perturbações sérias ou morte causadas pela iluminação noturna irresponsável. Por isso, não darei o meu voto a quem agride o meio ambiente, destrói fauna e flora, me causa insônia e faz aumentar o estresse da população e o número de acidentes de trânsito.

O povo leigo pode não perceber, mas eu sei que a luz que vai para cima não ilumina o chão nem aumenta a segurança de ninguém. Por isso, não darei o meu voto a quem usa o dinheiro público para instalar iluminação dispersiva com o intuito de que seja vista à distância pelo maior número possível de eleitores.

O povo leigo pode não perceber, mas eu sei que a poluição luminosa urbana é causada por luminárias que enviam grande quantidade de luz para além da área de sua utilidade. Por isso, não darei o meu voto a quem me ofusca até mesmo dentro de minha própria casa, torna amarela e triste a minha cidade e não me permite mais apreciar as noites estreladas que tanto amo.



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