Iluminação dos morros no Rio de Janeiro
Nós, abaixo assinados, por meio desta, vimos a público trazer nosso
repúdio ao que chamamos de ato irrefletido no que se refere à nossa bela
cidade. A polêmica sobre a iluminação dos morros não faz alusão a
mais um tipo de poluição a que todos nós estamos sujeitos: a poluição
luminosa. Pode até parecer assunto de ecologistas radicais que não estão
nem aí para o "enorme" potencial turístico que pode ser incentivado a
partir da exibição noturna destes maravilhosos monumentos naturais. Ou
então nem fazem questão de admirá-los, só pensando nos pobres
bichinhos que por ali morrem ofuscados todas as noites. Não é bem assim
(ou melhor, não é só isto). Hoje em dia, quando percebemos que a
Ecologia não é apenas um modismo, nem atributo de uns poucos verdes
xiitas, mas sim primórdios de toda uma revolução mundial no modo de
pensar, sentir e fazer do ser humano, entendemos que este tipo de
poluição prejudica a observação e a percepção de algo que há muito,
infelizmente, não se repara: na imensidão majestosa de nossos céus
estrelados (principalmente nesta época do ano) e no que isto poderia nos
proporcionar quanto ao sentimento de universalidade e sacralidade do
Planeta. É pena que para estarmos mais próximos deste magnífico
espetáculo cósmico precisamos (quem pode) fugir para a Serra ou
mesmo nos contentar com as estrelas da nossa esquecida mas querida
bandeira nacional. Portanto, achamos que, além de um alto gasto de
energia elétrica, tal ato é desnecessário e que seria muito mais interessante
investir na urbanização (e iluminação correta) dos morros e favelas, protegendo
toda a cidade de catástrofes, como as inundações, e também nossas Vidas.
Assinaturas: Alunos e Professores dos cursos "Teoria e Praxis do Meio
Ambiente", no Instituto Social de Estudos da Religião - ISER, e "Educar
para uma Consciência Planetária", no Museu de Astronomia e Ciências
Afins - MAST.
(Manifesto enviado aos jornais do Rio de Janeiro em junho de 1996)