Quando fazemos um trabalho educacional e científico, que sem sombra de dúvida desperta a curiosidade e os bons sentimentos das pessoas, mostrando-lhes alternativas promissoras para uma vida mais criativa e feliz, fica muito difícil aceitar que ele seja ignorado, considerado como desprovido de importância ou mesmo como um empecilho a prejudicar, de alguma forma, o desenvolvimento de nossa cidade.
O Observatório Astronômico de Uberlândia, construído e mantido com grande sacrifício, sem investimento de dinheiro público, que por seus serviços prestados à comunidade já é reconhecido até mesmo fora do País, está praticamente inutilizado para pesquisas e astrofotografias pela interferência da poluição luminosa, que aqui se expande sem barreiras. A iluminação dispersiva de um bairro próximo, instalada no início de agosto de 1999, pôs fim a um projeto de vida e aos sonhos de muitos de nossos cidadãos.
É triste ver que o povo, satisfeito com a iluminação das áreas públicas, não percebe que está sendo enganado e que a boa visibilidade das ruas poderia ser obtida sem o desperdício de luz que ele mesmo paga, na época da economia e da ameaça do racionamento de energia.
Para preservar a beleza do céu noturno, que também é um patrimônio natural, bastaria não lançar luz diretamente para cima, principalmente porque ela é cara, inútil e prejudicial. Por que, então, esse desperdício continua ocorrendo, após sete anos de campanha contra ele?
Diante de tanto desgosto, só nos resta ter a esperança de que as crianças e jovens de hoje, mais conscientes, que nos procuram em busca da Ciência, possam construir um mundo melhor e viver na era da inteligência, da competência e do respeito ao meio ambiente. Se isso assim ocorrer, nosso trabalho não terá sido em vão.