Ao jornal O Estado de São Paulo


Uberlândia, 25 de maio de 2001


Prezados(as) Senhores(as)


Ao ler as matérias sobre Astronomia no caderno Cidades do dia 24 de maio, imaginei o que o povo poderia pensar dos astrônomos quando se vincula a escuridão das ruas à capacidade de observar os objetos cósmicos. Muito provavelmente, a primeira idéia seria a de que esses cientistas ou amadores estão torcendo pelo apagão, o que nem de longe corresponde à realidade.

Em campanha por uma melhor iluminação para nossas cidades, os astrônomos de todo o País percebem ser este o momento certo para que as pessoas tomem consciência do enorme desperdício que ocorre em nossas áreas públicas, causado pelo simples fato de que a luz é lançada também para cima e para áreas distantes, onde nenhum efeito útil produz, além de causar ofuscamento, invasão de privacidade e interferências negativas ao meio ambiente.

Em linhas gerais, a reclamação daqueles que admiram os astros é que todos nós estamos pagando caro por uma luz que está sendo jogada fora, sem nenhuma necessidade, numa época em que os responsáveis por esse gasto inútil nos pedem para economizar energia elétrica e até mesmo nos ameaçam com medidas punitivas.

Querer solucionar a crise energética sem eliminar a poluição luminosa urbana será o mesmo que ignorar o dreno absurdo de energia e de dinheiro público que esta representa. O caminho está na correção das luminárias, que hoje nos fazem perder um percentual de luz tão grande quanto aquele das lâmpadas que estão sendo desligadas nas cidades.


Roberto F. Silvestre
Observatório Astronômico de Uberlândia
EM CAMPANHA CONTRA O DESPERDÍCIO NA ILUMINAÇÃO URBANA



VOLTAR