Conservação de energia elétrica
Prezados Senhores
Foi com surpresa que li a reportagem publicada na Folha de São
Paulo no dia 27 de agosto de 1997, sobre a campanha que pretende ensinar
à população como não desperdiçar luz. Parece que, finalmente, o medo do
blecaute começa a causar preocupação aos governos e às companhias de
energia elétrica. Entretanto, os governos e essas mesmas companhias não
dão um bom exemplo de economia na iluminação pública. As luminárias utilizadas
na quase totalidade de nossas ruas violam o princípio mais elementar de uma
boa iluminação, que é o de enviar luz às áreas de destino sem ofuscar a
visão de quem as observa. O que elas fazem é lançar grande quantidade de
luz para cima e para muito além da distância limite de utilidade de
suas lâmpadas.
Além do desperdício de luz e energia elétrica, de causar problemas
físicos como o estresse e de criar problemas de segurança para o trânsito,
a iluminação dispersiva vem se tornando uma séria ameaça à Ciência,
pois o lançamento desnecessário de luz na atmosfera torna inúteis nossos
observatórios. Há anos que os astrônomos profissionais e amadores se
esforçam, sem sucesso, para mostrar a todos como é irracional destruir,
a troco de nada, um patrimônio natural tão importante para suas pesquisas,
como é o caso do céu noturno.
Se buscamos por uma utilização mais racional de energia, nesta época em
que a economia se apresenta como uma obrigação de todos, não há razão que
justifique o desperdício causado pelo modo irresponsável como
iluminamos nossas cidades à noite.
Roberto F. Silvestre
ASTRÔNOMO AMADOR