Um dos argumentos usados como prova de que ninguém foi à Lua no século XX é a existência de sombras não paralelas nas fotografias da NASA. Uma análise simples pode nos indicar se a convergência das sombras é de fato uma prova de falsificação, como dizem aqueles que encontraram esse suposto erro evidente que teria escapado da atenção dos cientistas do mundo inteiro durante décadas.
Nem sempre as imperfeições do solo lunar podem ser apontadas como causadoras dessas distorções nas sombras. Na figura 1 temos uma parte de uma foto da NASA que foi considerada como manipulação grosseira. Note como as sombras da antena barabólica e do Módulo Lunar estão projetadas para a direita desses objetos, enquanto a da bandeira está projetada para a esquerda dela. E o que dizer sobre a sombra do astronauta fotógrafo, que tem sua própria direção e não coincide com as demais? Não é um efeito muito estranho, que nos deixa desconfiados? Em um solo relativamente plano, tendo o Sol como única fonte de luz distante, essas sombras não deveriam ser todas paralelas? Não seria essa falta de paralelismo uma prova de falsificação das fotos, que jamais teriam sido batidas na Lua? A resposta é não.
Uma pessoa sugestionada e predisposta a acreditar que está diante de uma fotografia forjada pode deixar sua imparcialidade de lado, parar de pensar direito e começar a distorcer a realidade na tentativa de provar o que deseja. Ainda que possa fazer isso de uma forma inconsciente, o resultado será trágico para ela e muitas outras pessoas, que serão induzidas a cometer o mesmo erro. Para agir corretamente, um investigador sério deveria começar sua busca pela verdade questionando por que nenhum cientista desconfiou da posição dessas sombras durante as décadas que eles tiveram para analisar as mesmas fotos. Além disso, depois de avisados sobre a fraude descoberta pelos não especialistas em um piscar de olhos, por que os cientistas continuaram a considerar as fotos como autênticas? Por que eles não se incomodaram com aquelas sombras estranhas? Seria esse um indício da existência de uma conspiração científica global? Afinal de contas, por que os cientistas distraídos não mudaram de idéia depois de alertados pelos leigos atentos sobre o aparecimento de sombras nitidamente convergentes nas fotos? Seriam os cientistas muito bobos e os leigos muito espertos? A resposta também é não.
Para explicar o que ocorre com as sombras teremos primeiro de verificar se elas ficam paralelas em condições semelhantes. Um teste simples pode nos tirar a dúvida aqui mesmo na Terra. Quem colocar duas hastes verticais idênticas sob a luz do Sol, em um solo plano e horizontal, poderá ver que as sombras ficam perfeitamente paralelas e, neste caso, com o mesmo comprimento. Por isso, quem parar a investigação nesse ponto pode ficar pensando que, quando as sombras não aparecem paralelas nas fotos é porque existe fraude. Mas nós vamos continuar e pesquisar um pouco mais, porque o mundo real é uma coisa e uma fotografia é outra coisa.
Vejamos se existe alguma diferença importante entre uma fotografia e a cena tridimensional que ela representa em duas dimensões. Note o que ocorre na figura 2, na qual o Sol é a única fonte de luz distante e o solo é plano e horizontal. Ela mostra aquelas mesmas sombras estranhas, algumas viradas para a direita e outras viradas para a esquerda. Portanto, até mesmo para um leigo que não conheça a causa desse fenômeno banal, o teste prático da foto já serve como prova de que as sombras podem parecer que estão convergindo, embora na realidade não estejam.
Será que aqueles desconfiados das conspirações nunca perceberam esse efeito de convergência aparente, que é natural e comum? Será que eles nunca notaram que linhas paralelas costumam mostrar-se como não paralelas nas fotografias? Uma mancada como essa deixa claro por que os cientistas da NASA não gostam de dar respostas a essas "provas" de fraude: eles não podem perder tempo com gente confusa, preconceituosa, arrogante, teimosa e cheia de dúvidas primárias. Mas esse silêncio não é bom, porque ajuda a levar a mentira da fraude ainda mais longe, como vem acontecendo. Assim, é preciso mostrar a todos que o argumento das sombras é falso, porque aquelas sombras são assim mesmo, paralelas no mundo real e convergentes nas fotografias, por causa do efeito de perspectiva, como fica logo evidente a quem se dê ao trabalho de realizar testes simples de uma forma honesta.
Eu espero que nenhum daqueles perspicazes descobridores de fraudes venha dizer que minha foto só pode ser uma falsificação, porque as sombras convergem em função da utilização de vários refletores apontados em direções diferentes, porque há umidade mas não se notam pegadas no solo, porque a sombra do meu sobrinho fotógrafo está comprida demais, porque não há marcas embaixo da pesada casa que parece ter sido colocada delicadamente ali, porque um dos animais se assemelha ao que pertenceu ao cineasta Stanley Kubrick e que a única conclusão óbvia possível para tudo isso, contrariando o resultado da análise descuidada e irresponsável de cientistas tolos, é que nós e os cachorros do irmão de meu cunhado jamais estivemos naquele sítio próximo à cidade de Araraquara.