Carta a Davino nº3


Uberlândia, 30 de agosto de 2011


Caro Davino,


É uma pena que não possamos nos encontrar. Meus projetos de vida e minhas obrigações caseiras também me impedem de viajar. O que posso fazer é escrever outras cartas a você no meu site, procurando explicar esses itens que você cita. Porém, desejo comentar algumas coisas agora, aqui mesmo nesta mensagem:


1) Nosso dia de 24 horas, do relógio, não coincide com o período de rotação da Terra. Se coincidisse, ocorreria o que você diz sobre o Sol nascer em horários muito variados. O dia que usamos é o dia solar, criado justamente para fazer o Sol nascer por volta das 6 horas, ficar alto ao meio-dia e morrer por volta das 18 horas, pelo menos para nós que estamos longe dos polos. O período de rotação da Terra, se for medido por nossos relógios comuns, é de 23 horas, 56 minutos e 4,09 segundos, inferior às 24 horas que chamamos de dia solar médio.

2) Aquele seu desenho da Terra quase parada entre o Sol e as Três Marias não explica o que vemos em junho, quando essa trinca de estrelas se posiciona quase atrás do Sol. No seu desenho não há posição da Terra que faça as Três Marias serem vistas quase atrás do Sol, como de fato ocorre em junho.

3) Se o eixo da Terra balançasse seis meses para o norte e seis meses para o sul, as estrelas não percorreriam trajetórias aparentes sempre iguais, como podemos notar facilmente. Elas pareceriam se deslocar também para o norte e para o sul.


Já que nem podemos manter uma conversa virtual sobre esses assuntos interessantes, pelo menos leia com atenção e procure compreender o que escrevi acima, porque aí estão as explicações para mais três coisas que você vê como erros na astronomia, que não o são. Elas mostram onde você se enganou.

Estou com 64 anos. Sou formado em engenharia de telecomunicações com especialização em pesquisa operacional. Trabalhei 37 anos na área de informática e desde criança estudo astronomia por paixão. Nunca encontrei uma discordância entre o que vejo no céu e aquilo que as teorias predizem. Tudo o que o céu nos mostra é totalmente compatível com o que os modelos teóricos indicam. Portanto, reveja suas desconfianças e dê mais atenção aos fatos simples que estou apresentando.

Não utilize seu raciocínio com base em dados incorretos; a conclusão será incorreta. Observe mais o céu e tire suas dúvidas com quem sempre estudou e observou o movimento do Sol, da Lua, dos planetas, dos asteroides e dos cometas. A vida é muito curta para ser desperdiçada com um engano de fácil correção.


Um abraço,


Roberto F. Silvestre



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