Corrigindo os Erros - Itens 11 a 20


11) Nosso planeta tem mais água do que outro tipo de material.

Olhando-se para a superfície da Terra podemos notar que a maior área pertence aos mares e oceanos. Externamente há mais água. Internamente, porém, não há tanta água líquida assim.

Se retirássemos toda a água da superfície, o globo terrestre ficaria seco, mas não muito diferente em sua forma, já que a depressão dos oceanos é relativamente pequena. Num modelo de globo terrestre com 30 cm de diâmetro, o lugar mais profundo dos oceanos estaria situado apenas a uma pequena fração de milímetro abaixo da superfície. Portanto, embora o volume dos oceanos seja imenso, ele quase não conta, quando o comparamos ao volume total do nosso planeta.



12) Durante o dia vemos o Sol; durante a noite vemos a Lua.

Se definirmos o período diurno como sendo aquelas horas em que o Sol está acima do horizonte, então veremos o Sol durante o dia, a menos que algumas nuvens nos incomodem. Mas, se definirmos o período diurno pelo relógio, poderemos ter situações, em alguns lugares do mundo, nas quais será dia e o Sol estará abaixo do horizonte.

O movimento da Lua ao redor da Terra tem um período aproximado de 27 dias. A rotação da Terra tem um período aproximado de 24 horas. São movimentos independentes. Por isso, a Lua pode ser vista em qualquer horário, seja noite ou dia, mas muita gente fica espantada ao ver a Lua no céu durante o dia claro.

Certa vez, alguém teve uma visão profética de que uma santa iria surgir em determinado local do Cerrado. Foram todos para lá, com as emissoras de TV, mas a santa não compareceu ao encontro marcado. Questionado, o responsável pelo tumulto disse: "A santa não veio, mas nós tivemos um sinal, porque a Lua apareceu de dia". Para ele, pelo menos, o fato pareceu ser um milagre.

Se você quiser ver a Lua durante o dia, verifique num calendário quando ocorre a próxima Lua Cheia. Nos dias imediatamente anteriores, procure-a no lado leste do céu, na parte final da tarde. Nos dias imediatamente posteriores, procure-a no lado oeste do céu, na parte inicial da manhã.



13) O Sol nasce todos os dias no mesmo lugar do horizonte, o qual tem o nome de Leste.

Esta é uma grande mentira, encontrada na maioria dos livros, porque o ponto do horizonte onde o Sol surge pela manhã varia muito durante o ano. Essa variação tem um limite, ou seja, o Sol, ao nascer, fica dentro de uma faixa da linha do horizonte, que não é pequena. Ela é mínima na linha do Equador, cerca de 47 graus, mas vai aumentando à medida que o observador se desloca para um dos pólos. Na prática, ela pode chegar até 360 graus, devido às circunstâncias locais do relevo polar, à refração atmosférica e ao fato de o Sol não ser uma fonte de luz pontual. Posso provar, mas não aqui, que o Sol chega a nascer no Oeste, em determinadas situações. Por isso, esqueça esta frase do ítem 13, porque ela não está de acordo com o que acontece na Natureza.

Tentando corrigir esse erro e fazendo-se exceção às regiões próximas aos pólos, pode-se dizer que o Sol nasce sempre no lado leste, mas raramente no ponto Leste. Assim, considerando-se o lado leste como sendo a metade leste do horizonte (180 graus), o problema desaparece. Nunca faça, então, referência à expressão "mesmo lugar", porque nela está embutido o conceito de ponto único.

No solstício de junho (início do inverno austral), o Sol nasce na extremidade esquerda daquela faixa. No solstício de dezembro (início do verão austral), o Sol nasce em sua extremidade direita. Nos equinócios de março e de setembro (respectivamente inícios do outono e da primavera austrais), o Sol nasce no ponto Leste.

No lado oeste do horizonte há uma faixa de mesmo tamanho. No solstício de junho, o Sol se põe em sua extremidade direita. No solstício de dezembro, o Sol se põe em sua extremidade esquerda. Nos equinócios de março e de setembro, o Sol se põe no ponto Oeste.



14) Se abrirmos os braços e apontarmos o braço direito para a posição onde o Sol nasce, que é o Leste, teremos à esquerda o Oeste, à frente o Norte e atrás o Sul.

É o mesmo problema do item 13. Quem, de pé e com os braços abertos, aponta o braço direito para o ponto Leste tem, de fato, os outros três Pontos Cardeais nas posições indicadas pela frase acima. O erro novamente está em afirmar que o Sol nasce sempre no mesmo lugar, o Leste, coisa que ocorre duas vezes por ano. De fato, somente num início de outono ou num início de primavera a frase deste item 14 fica correta.

Os livros costumam citar apenas a orientação pelo Sol nascente, no início da manhã, mas ela poderia ser realizada também pelo Sol poente, no final da tarde, usando-se o braço esquerdo, num início de outono ou de primavera.



15) O Sol se põe em um ponto do horizonte que é oposto ao ponto onde ele nasce.

Se o termo "oposto" aqui significa em relação ao observador, a frase não é verdadeira. Por exemplo, quando o Sol nasce na extremidade esquerda da faixa leste, em junho, ele vai se pôr na extremidade direita da faixa oeste. Esses dois pontos são opostos em relação ao meridiano do observador, não ao próprio observador.

A frase se torna verdadeira nos equinócios, porque o Sol nasce no Leste e se põe no Oeste, que são pontos opostos em relação ao observador.



16) O Sol nasce saindo do horizonte diretamente para cima, na vertical.

No Hemisfério Norte, a tendência do movimento do Sol ao nascer ou se pôr é para a direita. No Hemisfério Sul ela é para a esquerda. Somente na linha do Equador, nos equinócios, vemos o Sol nascer e se pôr verticalmente ao horizonte.

Nas regiões polares, o Sol nasce e se põe praticamente na horizontal. Por isso fica dificil determinar o lugar exato onde ele vai surgir ou desaparecer, já que qualquer variação no relevo do horizonte será decisiva nesse processo. É provável que o Sol nascente ou poente passe por uma seqüência de aparecimentos e desaparecimentos sobre a linha do horizonte, em função das irregularidades do solo.



17) O Sol não se movimenta; está fixo no centro do Sistema Solar.

O movimento é uma coisa relativa. Por isso, sempre haverá quem diga que ele depende do referencial. Mas, ainda assim, fica difícil imaginar algo parado no Universo. O Sol possui movimento de rotação em torno de si mesmo e também arrasta o Sistema Solar com ele ao redor do centro da Via Láctea. Esta, por sua vez, move-se dentro do nosso Grupo Local (galáxias vizinhas), levando o Sistema Solar com ela. O Grupo Local participa da expansão geral do Universo e carrega a Via Láctea com ele.



18) A órbita da Terra ao redor do Sol é uma elipse, que é uma curva achatada.

A elipse da órbita terrestre é tão pouco achatada que fica impossível perceber isso visualmente. Ela praticamente coincide com uma circunferência, com o Sol um pouco fora do centro (isto dá para se perceber). Mas, nos livros, essa curva se mostra muito achatada, porque, ao que parece, os autores preferem desenhá-la em perspectiva. Como não se costuma explicar isso, quem vê a figura fica pensando que aquela é a forma real da nossa órbita.

Com o pequeno achatamento da órbita e o posicionamento do Sol discretamente fora do centro, a distância da Terra ao Sol durante o ano vai variar de 147,1 a 152,1 milhões de quilômetros, o que também não é muita coisa. Mas, quando alguém vê a figura da órbita no livro, vai pensar que essa distância varia muito e imaginar que ela está relacionada com o fenômeno das estações do ano.



19) É verão quando a Terra passa mais perto do Sol e inverno quando passa mais longe.

O fenômeno das estações do ano não é causado pela variação da distância da Terra ao Sol, como muita gente pensa. A influência da distância ao Sol é pequena. Se a órbita da Terra fosse exatamente uma circunferência e o Sol estivesse exatamente no centro dela, as estações continuariam ocorrendo como conhecemos.

As estações dependem da inclinação dos raios solares, ou seja, do ângulo maior ou menor de incidência desses raios de luz em relação ao solo. Quando a luz solar incide mais verticalmente contra o solo, a absorção de calor é maior, porque a energia luminosa está mais concentrada. Quando a luz incide inclinada, ela se espalha, dilui o seu efeito e a absorção de calor é menor. Juntando-se a isso o fato de os dias serem mais longos no verão e mais curtos no inverno, temos a grande diferença de temperatura que caracteriza as estações.

No verão, nas cidades próximas aos trópicos, o Sol passa mais acima das cabeças das pessoas. No inverno, ele passa bem mais para o lado, ficando angularmente mais baixo, mesmo que seja meio-dia. Nos locais próximos à linha do Equador a situação é curiosa, porque as estações não ocorrem como nas regiões dos trópicos. Perto do Equador, o Sol passa mais no alto do céu no início da primavera e no início do outono. Ele passa mais baixo (mas não muito) no início do verão e no início do inverno.



20) Diariamente, de qualquer lugar da superfície terrestre, pode-se ver o Sol nascer e se pôr.

Depende do lugar em que está o observador. Se estivermos nas regiões próximas aos pólos, podemos ter que esperar meses até que o Sol se levante ou mergulhe para trás do horizonte.



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