Educação
Desafio e Única Solução para o Brasil

Logo nos minutos iniciais da primeira palestra que fiz para professoras, na tarde do dia 24 de junho de 1992, na UFU, a pedido da professora Graça Cicillini, foi possível notar que alguma coisa muito estranha estava acontecendo com o ensino de Astronomia nas nossas escolas. Ficou evidente para todos nós que as minhas explicações sobre os fenômenos estavam em desacordo com o que elas haviam aprendido e vinham ensinando até então.

As duas horas programadas para o nosso trabalho em grupo foram estendidas para quatro, ainda insuficientes para tratarmos de todos os problemas que conseguimos levantar dentro do assunto abordado. Ao final de tudo, as professoras saíram com mais dúvidas do que tinham quando chegaram. Eu fiquei assustado com o estado das coisas e por ficar sabendo que parte dos erros de conceito vinha dos livros adotados nas escolas. Entretanto, apesar do sentimento de indignação, não percebi que uma grande mudança de rumo me aguardava.

Por um convite intermediado pelo professor Ademir Cavalheiro, do Departamento de Ciências Físicas, fui fazer uma palestra em sala de aula para alunos da Escola Estadual Joaquim Saraiva, no dia 12 de agosto do mesmo ano, seguida por mais quatro em novembro. Pelo fato de as professoras darem aulas em mais de uma escola, a notícia sobre os problemas dos livros e o que estava sendo ensinado errado se espalhou rapidamente pela cidade. Depois desse contato inicial com alunos e educadores, a procura pelas palestras aumentou.

A partir de 1993, os atendimentos às solicitações de ajuda pelas escolas cresceram para cerca de cem por ano, tendo se estabilizado nesse nível pela impossibilidade de dedicar mais do meu tempo à atividade, principalmente porque era preciso realizá-la sem prejudicar meu trabalho na UFU como analista de sistemas. Assim, tudo era feito em horas extras, pelas quais nunca recebi remuneração, nem da UFU nem das instituições de ensino beneficiadas.

No início de maio de 1997, fui transferido do Núcleo de Processamento de Dados para a PROEX, onde esse trabalho de extensão passou a ser realizado com mais apoio da UFU. Atualmente, o número de palestras gira em torno de 80 ao ano. O atendimento conta com uma estrutura física melhor, com telefone, fax, correio eletrônico e um local onde se pode receber visitas de alunos e professores que vêm tirar dúvidas conosco. É uma atividade que tem sido reconhecida como de importância para melhorar a qualidade do ensino oferecido aos alunos nas nossas escolas, que deveria ser estendida a outras áreas do conhecimento.

Pensem bem sobre esta minha opinião: dezenas de teorias pedagógicas e milhões de dólares investidos na Educação serão quase inúteis se os educadores não forem capacitados para abordar com segurança os assuntos que devem ser ensinados aos alunos, do modo mais prático e agradável que for possível.


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