Infelizmente, a invasão comercial atingiu a massa crítica e está destroçando a Internet. O volume de mensagens indesejáveis que recebemos diariamente, com os conteúdos mais variados, vem crescendo assustadoramente, ameaçando o uso do correio eletrônico como ferramenta de trabalho. Quase tudo está à venda nas nossas mailboxes, enquanto os remetentes das mensagens continuam nos bombardeando com elas de forma insistente, esperando que compremos o que não nos interessa.
Tudo indica que os spammers sabem que despertam o ódio nas suas vítimas, mas não se importam por nos causar problemas, porque conseguem ter um ganho real, vendendo para uma fração ínfima de seu alvo. Por isso, é quase certo que essa prática irritante vá continuar por muito tempo. E o pior é que nossos endereços eletrônicos continuam sendo comercializados impunemente por todos os cantos do País ou mais além, fazendo aumentar o número de mensagens inúteis recebidas, que ocupam espaço e nos fazem perder um tempo cada vez maior, diminuindo nossa produtividade. Um grande prejuízo que não é percebido como tal pelas nossas leis, incapazes de acompanhar a velocidade do mundo moderno.
Pode parecer um exagero protestar contra o recebimento de mensagens comerciais via e-mail, porque nós também as recebemos em casa pelo correio comum. Mas existem diferenças importantes entre esses dois modos de atrair a atenção de compradores. A principal é que quem paga a conta da propaganda recebida por e-mail é o destinatário, não o remetente. Além disso, com o grande volume de mensagens não solicitadas, nossas caixas postais eletrônicas podem ficar lotadas e não mais receberem mensagens úteis e importantes. É o que ocorre quando saímos em viagem de férias e perdemos o acesso regular aos nossos computadores.
Quando desejamos participar de uma lista de discussão sobre um assunto de nosso interesse, nós nos inscrevemos nela e passamos a receber um volume maior de mensagens. Quando queremos sair da lista, nós fazemos o cancelamento. Mas os spammers nos inscrevem em suas listas de distribuição de mensagens comerciais sem o nosso consentimento e sem o nosso controle. Nos atrapalham e nos causam sérios problemas, despejando sobre nós o que não pedimos para receber, que pode ser material ofensivo, sem limites nem censura, como o caso de mensagens pornográficas enviadas para endereços eletrônicos de crianças.
Não adianta reclamar diretamente com os spammers, porque eles costumam utilizar endereços falsos. Quem já tentou, sabe como é. Por isso, aconselha-se denunciar os casos aos provedores de Internet que foram usados como ponte para o envio das mensagens. Porém, isso nos faz gastar mais tempo e gerar um volume maior de mensagens não produtivas, aumentando o problema. Afinal de contas, nós temos de trabalhar e não podemos passar o dia envolvidos com essa tarefa tão medíocre quanto aborrecida de ficar tentando enviar e-mails aos spammers, implorando para que eles nos tirem de suas desagradáveis listas.
De início, tomei algumas decisões. Não comprei nada anunciado por e-mail, fiz uma lista negra de empresas que me incomodaram, não visitei os sites anunciados e não passei adiante nada do que recebi. Eu ainda abria as mensagens, para ver se não tinham algo importante, mas, a partir de um certo ponto, o volume crescente de lixo comercial me fez tomar a decisão de não mais olhar qualquer coisa que tivesse os campos de assunto e de remetente suspeitos, que lembrassem, mesmo remotamente, a propaganda. Assim venho procedendo, enquanto aguardo providências das autoridades no sentido de nos aliviar dessa carga desnecessária de trabalho inútil e, por enquanto, inevitável.
Se você é um spammer, tenha a certeza de que eu não vou comprar nada de sua empresa. Pense um pouco e imagine o que acontecerá se todos os internautas e suas famílias resolverem fazer o mesmo boicote. Não estou lançando campanha, mas, pelo modo como estamos sendo incomodados e pelo jeito como o mundo anda atualmente, eu acho possível que algumas vítimas do SPAM, menos equilibradas, percam a paciência e até acabem tomando atitudes bem mais drásticas que a minha, porque não está dando mais para agüentar.
Se você precisa me passar um e-mail relacionado com as áreas em que atuo, ele será bem-vindo, mas tome o cuidado de preencher o campo de assunto de forma clara, senão a sua mensagem corre o risco de não ser lida. Use somente texto puro e objetivo, sem fontes e atributos especiais nem código HTML. Não coloque arquivos executáveis em anexos, porque eu nunca os abro. Não preencha endereços eletrônicos alheios naqueles formulários de aquisição de dados que alguns sites mantêm, por mais inocentes que eles possam parecer. Não passe adiante mensagens sobre vírus, do tipo corrente para fazer dinheiro fácil ou outras idiotices semelhantes. Não envie para ninguém aqueles arquivos ENORMES, feitos no PowerPoint, por mais bonitos que sejam. Lembre-se de que nossas caixas postais são limitadas, que o tempo de transmissão de dados nas redes aumenta com o volume e que o espaço em disco de computador é caro.
É fundamental que nós tenhamos o cuidado de utilizar a Internet de uma forma mais responsável, para que ela seja uma solução, não um grande problema.