O perigo vem do espaço


O meteoro é aquele fenômeno luminoso de movimento rápido, conhecido popularmente como estrela cadente. Ele é causado pela entrada de objetos na atmosfera terrestre, geralmente de pequeno tamanho e de velocidade muito alta. O atrito com o ar faz com que sua velocidade se reduza e sua temperatura aumente, já que ocorre a conversão de uma forma de energia em outra (cinética em térmica). O calor gerado quando essas "pedrinhas do espaço" atravessam o ar causa sua pulverização e evaporação, resultando sempre em um acréscimo de massa à Terra. Assim, nosso planeta aumenta algumas toneladas por dia, devido a essa agregação de partículas. Foi assim que ele se formou, ao longo de bilhões de anos, juntando pedaços nem sempre tão pequenos.

Quando vemos a superfície da Lua ao telescópio, notamos uma grande quantidade de crateras de tamanhos variados. Como a Terra tem aspecto muito diferente, as pessoas costumam pensar que a atmosfera nos protege dos grandes impactos. Mas a realidade é assustadora, porque o ar só consome os objetos pequenos, impedindo que atinjam o solo e causem danos. Os maiores passam e podem ser um problema para o futuro da nossa espécie, como deve ter sido há milhões de anos para os dinossauros. A Terra não apresenta muitas crateras em sua superfície por causa da erosão por chuva, vento, movimento de placas, etc. As marcas dos impactos são escondidas pela história geológica turbulenta da crosta terrestre, restando evidências fortes apenas das crateras mais recentes. Sem a erosão, elas seriam muito numerosas.

Os cientistas costumam dizer que a questão não está no "se", mas no "quando", porque sabemos que, se nada fizermos, um acidente de trânsito cósmico vai acabar acontecendo, cedo ou tarde, e que o melhor mesmo é nos prepararmos para ele. Por isso temos atualmente um projeto de pesquisa que está monitorando o céu e catalogando todos os asteróides potencialmente perigosos, que podem vir a ser uma ameaça à nossa sobrevivência. Alguns deles já foram encontrados, mas são motivo de nossa atenção porque suas órbitas cruzam perigosamente a órbita da Terra, não porque estão em rota de colisão iminente. Para o caso de um perigo real, estudos estão sendo feitos para encontrarmos modos de evitar o indesejável encontro, com soluções ainda duvidosas, porque precisam ser testadas. Uma delas é a de causar uma explosão na superfície do astro a fim de desviá-lo ligeiramente de sua rota original, com antecedência suficiente para fazer com que ele não atinja o seu alvo.

De vez em quando a mídia anuncia a previsão de um impacto de asteróide, alertando para suas terríveis conseqüências. Entretanto, não é possível saber exatamente onde um astro como esses estará muitos anos à frente, porque o Sistema Solar é caótico. Assim, faz-se um cálculo preliminar, que contém uma incerteza. Quanto mais tempo nos separar da possível catástrofe, menos precisão teremos na posição do objeto. A estimativa passa a ser, então, probabilística. É como uma loteria cujo prêmio ninguém quer ganhar. Após um número maior de observações do asteróide em sua órbita e também quanto mais próxima estiver a data do suposto impacto, mais precisos ficam os resultados dos cálculos, o que, em geral, acaba por nos fazer descartar a possibilidade de catástrofe. Mas o perigo é real, porque embora seja difícil de ocorrer, é certo que teremos problemas sérios a longo prazo.

Dependendo do tamanho do asteróide, sua queda sobre a superfície terrestre pode causar de uma pequena destruição local até uma calamidade global. Sabe-se que para algo com diâmetro próximo de dois quilômetros já podemos esperar o fim de todo o nosso modo de vida, porque as conseqüências físicas no Planeta seriam tão radicais que, no mínimo, as coisas abstratas como países, dinheiro ou autoridades deixariam de existir para os sobreviventes. É uma imagem assustadora que ninguém com juízo perfeito quer ver materializada.

Ainda não sabemos bem o que fazer, caso um dia tenhamos a confirmação antecipada de um grande choque, mas, diante das perspectivas aterrorizantes de tal evento, não podemos ficar esperando sentados até que ele se torne inevitável. Por enquanto não temos nenhuma ameaça confirmada, mas, como é enorme a quantidade de cometas e objetos menores, difíceis de localizar a tempo, é bom que a verba destinada a essa busca seja substancial e garantida todos os anos, a ser aplicada na aquisição de equipamentos melhores e no desenvolvimento de novas técnicas, porque a nossa segurança depende de um conhecimento mais detalhado do Sistema Solar.


Roberto F. Silvestre
27 de agosto de 2002



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