Um cientista de outro universo


Behold, Eck! (do seriado The Outer Limits)

Sempre gostei de ficção científica. Logo nos primeiros anos de minha vida eu já ficava rodeando a porta de um cinema em meu bairro, aguardando a chance de entrar "escondido" (com a ajuda do amigo porteiro) para ver filmes como "O dia em que a Terra parou", "Guerra dos mundos", "O planeta proibido" e até aqueles nos quais percebíamos os discos voadores feitos com pratos de metal balançando pendurados em barbantes. Valia tudo. Eu não tinha idade para ver aqueles filmes, muito menos sem a companhia de um adulto, mas estava sempre lá. Eu ficava obcecado pelo espaço e gostava de desenhar coisas ligadas a um futuro que eu imaginava repleto de viagens aos outros planetas da Galáxia, onde eu sempre acreditei que a vida existe.

Muitos dos filmes de hoje se baseiam na ação, com menos conteúdo e mais explosões. Há bons filmes também e algumas raras obras de arte, mas a garotada de hoje talvez estranhasse os filmes que vi em minha infância, muitos deles em preto e branco. Eu sempre gostei dos que tinham uma estória inteligente, que prendia a atenção e fazia a gente sonhar. Por isso a técnica que às vezes era pouco convincente pelos padrões de hoje deixava de ter qualquer importância. De alguns filmes recentes que vi nem consigo me lembrar, mas muitos daqueles antigos eu jamais esqueci.

Behold, Eck! (do seriado The Outer Limits)

Lá pelo início da década de 1960, alguns seriados da TV seguiram a mesma linha dos filmes de longa metragem. Eram apresentações de programas que faziam sucesso fora do Brasil (tudo aqui era importado), como "The Twilight Zone" e "The Outer Limits". Quando comecei a escrever sobre o Big Bang, lembrei-me de Eck, o cientista bidimensional que numa daquelas estorinhas veio parar acidentalmente em nosso mundo (para espanto do pessoal de um laboratório de óptica) e não conseguia enxergar a estreita passagem de volta ao seu universo. Por isso o citei nos textos e desenhei nas figuras.

Interessante é eu ter encontrado muitas referências a esse filme na Web, depois de tanto tempo. Ele pode ser encontrado facilmente. Quem se interessar em ler a respeito ou até mesmo comprar uma cópia, basta procurar pelo nome do episódio, "Behold, Eck!", em qualquer instrumento de busca da Internet (eu usei o Google). Fico pensando no seguinte: por mais que a gente pense que tem algum gosto estranho, vai sempre encontrar um monte de gente que tem o mesmo gosto estranho da gente.   Ninguém está sozinho.



"In my world, nothing can prevail against fire. (...) You could not understand, it is too different, too far removed from anything you could imagine. It is not even a world at all, as you think of it."

                                                                  Eck



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