Um eclipse problemático


Eclipse da Lua

Na madrugada do dia 21 de janeiro a Lua Cheia perdeu o seu costumeiro brilho ao penetrar inteiramente na sombra da Terra, no último eclipse do século e do milênio para os brasileiros.

Não foi uma noite de céu limpo. Havia muitas nuvens que, por diversas vezes, não deixaram nem um pequeno buraco por onde se pudesse observar o fenômeno. O horário também não foi nada favorável: a passagem da Lua pela sombra terrestre ocorreu de 1:01 às 4:26, com destaque para a totalidade, de 2:04 às 3:22, quando nosso satélite ficou com uma coloração avermelhada.

Quem se amedrontou com o mau tempo ou com o horário ingrato perdeu a oportunidade de ver um belo espetáculo, embora ele tenha sido dividido em vários intervalos de observações de média duração, espaçados por períodos de céu muito nublado.

Já com tantas dificuldades naturais para a apreciação integral desse fenômeno interessante, é uma pena que algumas pessoas, indiferentes ao eclipse e ao meio ambiente, tenham ateado fogo ao mato dos terrenos baldios antes de irem dormir, provocando muita fumaça nos momentos em que outros, menos apáticos, tentavam fotografar o evento.

Tudo acaba caindo na educação ou na falta dela. Esse descaso geral pode vir do fato de que o Brasil, há muito, vem pecando por não aproveitar as oportunidades educacionais que a Natureza, incansável, nos proporciona. Assim foi com o grande cometa Hale-Bopp e outros antes dele, com muitos eclipses do Sol e da Lua, com belas conjunções planetárias, ocultações e outros fenômenos que poderiam despertar a curiosidade científica nas crianças e jovens.

Pouco se faz no País para levar a Ciência ao público, como opção válida de libertação da mesmice e da baixaria que alguns meios de comunicação de massa nos empurram diariamente.


Roberto F. Silvestre
Jornal Correio - 26/02/2000



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