Colaboração para a campanha contra o desperdício de energia elétrica e de dinheiro público




Você pode pegar esta foto e mandar fazer uma linda camiseta como lembrança de Uberlândia e de sua iluminação "moderna", que polui o céu noturno e nos rouba a magnífica visão das estrelas sem nenhuma necessidade.



A foto que você vê aqui é de um bairro que fica ao lado do Observatório. Devido a essa proximidade, conversei pessoalmente com um político, muito antes que instalassem a iluminação pública, solicitando um cuidado especial para que não lançassem luz diretamente para cima, já que isso iria interferir de modo brutal com nosso trabalho de pesquisa e de divulgação científica. O resultado está aí, para todos verem. A partir de agosto de 1999, o céu tornou-se amarelo e as estrelas desapareceram, enquanto fiquei me sentindo tolo e marginalizado, primeiro por ter ajudado a pagar por essa demonstração intencional de incompetência e segundo por ter sido ignorado e tornado incapaz de impedir a ocorrência de um grave erro.

Os incomodados que se mudem, dizem alguns (e até escrevem no jornal). Mas o problema não é somente o incômodo de um ambientalista persistente e inconformado. O que temos aqui é uma afronta à inteligência e ao bom senso de toda uma população iludida, que paga por uma energia que está sendo desperdiçada para poluir o meio ambiente na forma de uma luz artificial que em grande parte vai para cima, onde ninguém precisa dela.

Minha opinião, compartilhada com inúmeras pessoas conscientes, que não se deixaram hipnotizar como mariposas suicidas, é que essa luz amarela é horrorosa, irritante e deprimente. Se precisamos utilizá-la por razões econômicas, não faz sentido lançá-la para cima nem para longe, horizontalmente, porque isso representa um desperdício estúpido, incompatível com um bom projeto de engenharia.

Você sabia que a fração de luz desperdiçada atinge cerca de 35% de todo o fluxo luminoso gerado à noite? Em muitas cidades do mundo, o dinheiro gasto para produzir essa luz que se perde daria para construir um observatório astronômico por mês. Então, quando algum político falar sobre a economia de energia proporcionada pelas fantásticas lâmpadas amarelas, pergunte a ele qual é a economia que temos quando são usadas fontes de luz como as nossas, que podem ser vistas diretamente lá de Marte. Aproveite e pergunte também quanto economizamos com a substituição de lâmpadas de mercúrio de 80 W por lâmpadas de sódio de 250 W.

Você acredita na relação entre o aumento do nível de iluminação e a queda da violência urbana? É mesmo verdade que o aumento do brilho das lâmpadas faz o crime desaparecer? Cá entre nós, você já notou o brilho do Sol? Você já teve a curiosidade de verificar as estatísticas de assaltos e outras formas de violência durante o dia? Francamente, esse negócio de luz contra o crime é conversa fiada de quem acha que a ignorância do povo é maior que o diâmetro do Universo. Pare e pense! Não engula tudo o que lhe empurram através dos programas de lavagem cerebral da mídia.

Quem fica feliz quando os globos de luz fortíssima chegam para contaminar a própria rua deveria rever sua posição. Se a iluminação for dispersiva, invadir áreas particulares, causar ofuscamento até a cegueira total, confundir os pássaros, provocar acidentes graves e não deixar ninguém dormir em paz, então ela não pode ser boa. Por outro lado, se ela gerar um cone de luz restrito à sua utilidade, ela passa a ser tolerável. Por isso, devemos exigir mais competência de nossas autoridades, a ser demonstrada através da utilização de luminárias melhores, que não anulem o esforço que o povo faz para economizar energia elétrica. Isto é fácil de realizar e, em muitos casos comprovados, mais barato, tanto no investimento inicial quanto na manutenção.

Elaborei e estou executando um projeto educacional que não consome dinheiro público e que tem sido maravilhoso em seus resultados, por despertar a consciência das pessoas para uma realidade que tentam esconder de nós. A Astronomia muda a gente por dentro de uma forma permanente. Ela nos acorda, nos sacode e nos faz pensar na pequenez e na fragilidade de nosso planeta, ao mesmo tempo que realça sua importância. Isso não é do interesse daqueles que por egoísmo extremo usam a Terra como uma esponja que se espreme até não sobrar nada para ninguém. Não se deixe enganar! Exija o respeito ao meio ambiente que nosso planeta merece. Lembre-se de que ele não é um produto descartável, mas uma jóia bela e rara, que precisa ser preservada intacta para as futuras gerações.



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