Você já notou como o céu das áreas urbanas é muito menos estrelado
do que o céu das áreas rurais? Já percebeu aquelas bolhas luminosas que cobrem as cidades,
quando delas você se aproxima em viagem noturna? Você já perdeu totalmente
a visibilidade da estrada, dirigindo à noite, quando o motorista que vinha
em sentido contrário acendeu o farol alto? Já teve dificuldade para dormir porque
uma grande quantidade de luz da rua ou do vizinho entrava pela janela de seu
quarto? É claro que sim. Todos nós já passamos, vez ou outra, por algumas
dessas situações. Esses fatos são causados pela utilização incorreta da
iluminação artificial noturna, que gera a menos conhecida de todas as formas de
agressão ao meio ambiente: a poluição luminosa.
Há muitos anos que os astrônomos profissionais e amadores vêm tentando
alertar políticos, engenheiros eletricistas, técnicos de iluminação,
fabricantes de luminárias e a população em geral para os incômodos causados
pela difusão desnecessária de luz na atmosfera, principalmente sobre nossas
cidades. Esse esforço tem sido recompensado através das mudanças de atitudes
demonstradas por pessoas mais conscientes e responsáveis, que procuram
colaborar na busca de soluções para esses problemas, que já começam a ser
resolvidos fora do Brasil.
Este trabalho que você está lendo faz parte de uma campanha, iniciada em
Uberlândia em 1992, dando continuidade ao que já vem sendo feito em
outras cidades, procurando preservar a transparência da atmosfera, da qual
depende o trabalho de pesquisa dos astrônomos, que estão sendo imensamente
prejudicados, em sua profissão e seu lazer, pelo lançamento dispendioso e
inútil de luz em direção ao céu noturno.
É importante mencionar que o conteúdo destas páginas tem um propósito educacional.
Ele é de minha inteira responsabilidade e não reflete, necessariamente, a opinião
oficial da Universidade Federal de Uberlândia nem a de qualquer outra pessoa de
dentro ou de fora dela.
Roberto F. Silvestre